Prefeitura Municipal de São Miguel do Tapuio - Construindo uma nova história

Geografia

Localiza-se no centro norte do estado do Piauí, a uma latitude 05º30'13" sul e a uma longitude 41º19'24" oeste, está a uma altitude de 285 metros. Sua população estimada em 2019 foi de 17.662 habitantes. Possui uma área de 4.988,193 km² e fica a 216 km de Teresina, da capital do estado.

Geologia

A estrutura física do solo do município de São Miguel do Tapuio é formada por depressões e elevações. No solo tapuiense, existe uma cratera medindo aproximadamente 20 km de diâmetro cuja existência é comprovada por estudos geológicos e por fotos de satélite. A cratera tem as seguintes coordenadas e especificações:

  • Localização: 5º38`S, 41º24`W, estado do Piauí, Brasil
  • Diâmetro: aproximadamente 20 km.
  • Idade: pré-abertura do Oceano Atlântico.
  • Morfologia: assimetria das escarpas, íngreme e elevadas ao oeste e suaves a sudeste, dois anéis concêntricos, apresentado soerguimento central.
  • Estruturas específicas: cones de deformação, lamelas de deformação.

Origem: Existe controvérsia quanto à origem dessa cratera. Uma corrente de pesquisadores afirma que tem origem vulcânica cujas erupções foram desativadas há milhões de anos. Outra corrente de estudiosos diz que ela se originou de choque meteorólito ocorrido na era pré-abertura do Oceano Atlântico.

Pré-História

O Piauí tem sinais que atestam que a sua pré-história é uma das mais preciosa do planeta terra, que só agora começa a ser estudada. Alguns municípios piauienses, entre os quais São Miguel do Tapuio, têm uma riqueza arqueológica que guardam traços de civilizações antiqüíssimas.

No passado habitaram no município de São Miguel, grupos humanos provavelmente contemporâneos aos da Serra das Capivaras, em São Raimundo Nonato, cujos estudos arqueológicos, confirmam que há mais de vinte mil anos já existia civilização naquela região.

Em São Miguel do Tapuio, existem grutas com inscrições e sítios arqueológicos que revelam a passagem de antigas civilizações, exemplo: as localidades denominadas, Serra do Letreiro, Bom Jesus, Baixa Verde e a propriedade denominada Barraca do João Martins. Nesses locais as pinturas rupestres ainda podem ser vistas e estudadas.

História

Bem antes do povoamento do Piauí, ainda quando aventureiros do Velho Mundo competiam na conquista do Mundo Novo, os índios Tacarijus já tinham ultrapassado a serra da Ibiapaba e se assenhoreado das mais belas terras piauienses.

A mais antiga documentação que se tem noticia sobre os índios Tacarijus data do século XVI, foi escrita pelo padre franciscano André de Thévet que percorreu o Nordeste brasileiro pelos anos de 1580 e deu conhecimento dessa etnia ocupando belas terras cercadas de brejos, rios, muita palmeira e frondosas árvores, especialmente, carnaúba, buriti, tucum, babaçu, gameleira, ipê e outras, além de grandes nascentes de águas cristalinas que emergiam do solo. Hoje, essas terras são chamadas de Tiririca, Roça Velha, Irauçuba, Canabrava, Olho d'água, Canto, São Luis, Lagoa e Brejo Grande. Os historiadores acreditam que os Tacarijus vieram do Rio Grande do Norte, estado também, pertencente à região nordeste do Brasil.

Por causa dos contatos com os franceses de quem eram fieis amigos, os Tacarijus tinham uma cultura bem superior às outras tribos vizinhas. Entretanto, não se tem registro quando se deram os primeiros encontros entre os franceses e Tacarijus, mas se tem informações de que por vários anos, os franceses que já iam até a ilha do Maranhão, conviveram com aquela tribo e com ela comercializavam tintas, resinas, ouro, prata e salitre.

Em 1604 Pero Coelho atacou a serra da Ibiapaba e os índios Tabajaras que dominavam aquela região se renderam aos lusitanos, os Tacarijus, não. Os franceses aproveitaram e persuadiram os Tacarijus a odiarem os portugueses e seus aliados. Por isso, aquelas tribos se tornaram inimigas.

Em 1606 chegaram à região da Ibiapaba os padres jesuítas Francisco Pinto e Luis Figueira com a missão de converter os silvícolas à fé cristã e a fidelidade ao Rei de Portugal. Os silvícolas da serra logo aceitaram a doutrinação missionária, os Tacarijus influenciados pelos franceses se negaram aos diversos apelos que lhes foram feitos e julgaram os missionários como feiticeiros.

Em 11 de Janeiro de 1608 os Tacarijus mataram o padre Francisco Pinto, aliado dos portugueses que se encontrava na região, na esperança de conseguir a conversão daquele povo. A insistência do jesuíta em ir visitá-los, deixaram os Tacarijus irritados. O massacre do padre foi dentro da Capela do povoado que mais tarde veio a ser o município de São Miguel do Tapuio.[5][6]

Quando os índios Tabajaras souberam da brutal morte do missionário, seu aliado, atacaram os Tacarijus de modo, também, brutal com o objetivo de exterminá-los e os perseguiram, fazendo-lhes guerra por toda a parte. Os Tacarijus não se deixaram dominar, preferiram lutar até tombar o seu último guerreiro. Para que lhe conservasse o nome e a memória dessa Nação se tem noticia apenas, da existência de uma cabeça de um Tapuia (nome que também, era dada a etnia Tacarijus) pendurada em uma gameleira, árvore da família das moráceas fícus. Em Junho de 1608 foi celebrada a primeira missa de absolvição dos pecados Tacarijuenses.

Em Junho de 1692, Bernardo de Carvalho de Aguiar, descendente de família nobre portuguesa, originária da Península Ibérica, dos Aquilar da Espanha, se apossou do antigo berço dos Tacarijus e fez seu primeiro curral em terras piauienses, criou gado e construiu casas. Portanto, São Miguel do Tapuio tem a glória de ter a maior figura da História Colonial do Piauí, como precursor de sua fundação. Quando Bernardo de Carvalho chegou àquela aldeia abandonada, já haviam passado 84 anos dos fatos de tão triste lembrança e daqueles silvícolas nenhum sinal encontrou, além da memória perpetuada no inglório nome que a terra recebeu. Porém, conservou-lhe o nome que a lembrança de um triste fato a fizera conhecida e a denominou de Cabeça do Tapuia. Bernardo de Carvalho de Aguiar faleceu no Maranhão em 1730.

O nome São Miguel do Tapuio

Rosaura Muniz Barreto nasceu na Serra Vermelha (hoje, Castelo do Piauí), provavelmente no ano de 1823, e faleceu em 1908. Filha do Tenente Aleixo Muniz Barreto. Casada em primeiras núpcias com Luís Furtado de Albuquerque Cavalcante. Em 1905, ela, rica proprietária de terras no município, por dote e herança, atendendo ao pedido das lideranças locais, resolveu doar para São Miguel Arcanjo, uma gleba medindo 880 metros de comprimento de nascente a poente e 480 metros de largura de sul a norte, formando um quadro no lugar denominado Deliciosa, para que fosse erguida uma Capela para São Miguel Arcanjo, e também, fez a doação da imagem do Santo que mandou buscar na França. Porém, ela pediu que o nome do povoado fosse São Miguel do Tapuio em homenagem ao Santo, ao seu filho Miguel e aos guerreiros índios Tapuios. O seu pedido foi atendido. A imagem original do Santo, ainda se encontra no altar principal da igreja matriz de São Miguel.

Depois de viúva casou-se em segundas núpcias em 19 de abril de 1866, com João da Cunha Alcanfor, paraibano, advogado (rábula), mas logo se desquitou de Alcanfor. Ela viveu provavelmente 85 anos, no final de sua vida tinha parcos recursos. Foi sepultada ao lado do seu filho Miguel, no cemitério antigo da povoação, onde anos depois lhe fizeram uma capela.

Assim teve origem o nome da vila que foi se desenvolvendo, com sua feira de mercadores, inicialmente realizada à sombra de uma frondosa gameleira que ficava bem no meio do povoado. Essa histórica árvore foi preservada no centro da primeira praça da vila, ali permanecendo até a morte, ocorrida nos decênios de 1970 ou 1980. No início da criação da vila, a gameleira serviu de mercado, cadeia e Prefeitura. Foi mercado porque sob sua sombra era o ponto de venda dos feirantes; foi cadeia porque ao seu tronco eram amarrados os fora da lei e prefeitura porque ao seu abrigo foram realizadas as primeiras reuniões entre os fazendeiros para discussão sobre o futuro administrativo do povoado.

Até os seus últimos dias de vida, à sombra fresca e amiga da antiga gameleira servia de abrigo para o encontro de moças e rapazes e nas noites de luar dava amparo aos boêmios e seresteiros da cidade.

Em volta do seu tronco, havia um círculo de alvenaria e cimento que servia de assento para quem quisesse desfrutar da sombra da árvore de velhas tradições. A esse círculo, os seus freqüentadores deram-lhe o nome de buraco das moças. A história da velha gameleira, também foi cantada em versos pelo poeta piauiense João Francisco Ferry.

Emancipação política do município

A Vila de São Miguel do Tapuio, estado do Piauí — Brasil, passou à categoria de município pelo Decreto número 52 de 25 de Março de 1938. Mas, jornais da época noticiam que a sua elevação à categoria de município já havia ocorrido em 4 de Outubro de 1934. Porém, sabe-se que pela sede do município, houve uma ferrenha luta política entre as vilas Assunção e São Miguel do Tapuio. Talvez essa seja a causa da divergência das datas. Entretanto, o município comemora a sua data oficial no dia 25 de Março.

O fundador do município

Manuel Evaristo de Paiva, cearense, empresário bem sucedido, logo instalou seu comércio em São Miguel, onde começou a construir sua trajetória política. Casado com Francisca Aragão Paiva, filha de Artur Ximenes de Aragão e neta de Rosaura Muniz Barreto. Foi depois de Rosaura Muniz Barreto a maior figura central da história de São Miguel no século XX. No pedestal do busto de Manuel Evaristo, na principal praça da cidade que tem o seu nome, se pode ver inscrição confirmando ser ele o fundador do município de São Miguel do Tapuio.

São seus filhos por ordem de nascimento: Milton Evaristo de Aragão, Marieta Evaristo Cardoso, Arthur Evaristo de Aragão, Valter de Aragão Paiva, Magnólia de Aragão Paiva, Antonio de Aragão Paiva (Totonho) e Luíza de Aragão Pires Ferreira.

Já em 1905, ele foi o principal líder da comissão criada para adquirir o patrimônio para criação da embrionária forania de São Miguel. Assinou como testemunha a escritura de doação do chão que hoje é a cidade. Possuidor de um grande prestígio, apoiado pelos líderes políticos estadual, Gaioso Amendra e Leônidas de Castro Melo, Manuel Evaristo iniciou a luta pela emancipação política do município e batalhou até conseguir a vitória. Sendo recompensado com a sua nomeação para exercer o cargo de primeiro prefeito da cidade. Ele governou o município nos períodos de 1934 a 1945 e 1951 a 1955 e 1967 a 1971.

No primeiro governo de Manuel Evaristo, foi seu secretário o jovem José Lopes dos Santos que com ele viera de Crateús - Ceará e posteriormente, também, foi eleito prefeito do município no período de 1948 a 1951.

Nos períodos em que Manuel Evaristo governou o município de São Miguel, foram construídos o mercado público, a Prefeitura, cadeia, praças, calçamento, cemitério, estradas, instalou luz elétrica na cidade com seus próprios recursos, criou escolas, lutou para chegar ao município as políticas governamentais, estadual e federal de saúde, também, instalou um cartório, que foi entregue ao seu irmão Júlio Evaristo de Paiva.

Cenário político do município

Luis Furtado de Albuquerque Cavalcante foi à terceira figura central do novo cenário tapuiense, esposo de Rosaura Muniz Barreto. Era comerciante ambulante proveniente do Ceará e se casou em 1844 na vila do Marvão (hoje, Castelo do Piauí), Tinha espírito manso e querido, inclusive, dos escravos, residia na fazenda Lagoa, era o oposto do seu cunhado, Antonio Fernandes de Vasconcelos proprietário da fazenda Canabrava. Foi também, político influente sendo eleito deputado provincial em 1852-1855 e 1858-1859. Embora não se tenha noticia que tivesse inimigo, aos 43 anos morreu assassinado por um sapateiro de nome Bruno. Há suspeita popular que foi a mando de Antonio Fernandes de Vasconcelos, porque Luis Furtado lhe reprovava o seu comportamento com os escravos.

José Furtado de Mendonça foi a quarta figura do cenário político de São Miguel. Bisneto de Rosaura Muniz Barreto, por muito tempo residiu com seu pai João Furtado na fazenda Canto. José Furtado foi o primeiro cidadão tapuiense que chefiou uma oposição ao Manuel Evaristo. Foi eleito por duas vezes prefeito de São Miguel e conseguiu eleger seus candidatos por várias vezes.